domingo, abril 12, 2009


Ela não ficou para titia

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Criada há mais de cinquenta anos, a bolsa Chanel de correntinha (e uma infindável profusão de genéricas) renasce nos ombros das jovens e modernas.

Quem esteve fora do planeta Terra nos últimos meses, ou pelo menos não prestou atenção a nenhuma vitrine de loja de moda, pode alimentar uma ideia do século passado: aquela bolsa comportada, com alça de corrente e costura de losangos, é coisa de titia ou algo igualmente conservador. Engano, evidentemente. Basta olhar as fotos abaixo para ver que a legendária bolsa Chanel está vivendo mais uma de suas muitas encarnações – autêntica, nos bracinhos das ricas e famosas, ou assumidamente copiada, para o resto da humanidade. Fazer uma bolsa com alça de metal flexível, que corre em furos arrematados por ilhoses, parece coisa óbvia, mas ninguém pensou nisso antes de mademoiselle Chanel. "Cansada de carregar minha bolsa na mão, e perdê-la, decidi adotar uma alça e pendurá-la no ombro", disse ela sobre a gênese da 2.55, como a bolsa de luxo mais famosa do mundo é conhecida pelo pessoal da moda. O número faz referência à data em que foi oficialmente lançada, fevereiro de 1955, um ano depois do retorno de Chanel às passarelas, encerrada sua temporada de recolhimento na Suíça por simpatia, se não pelo nazismo em geral, pelo menos por um certo oficial alemão, durante a ocupação.

A 2.55 jamais saiu de linha e, com Karl Lagerfeld à frente da maison, virou uma fonte inesgotável de faturamento, em materiais, acabamentos e detalhes de infindável variedade. Quando completou cinquenta anos, a bolsa foi, claro, relançada, do jeitinho original. Pendurá-la em ombros de celebridades jovens foi o passo seguinte para espanar o ar de coisa do passado. Daí nasceu a composição combinada mais contemporânea: a bolsa clássica usada com as roupas bem informais, de preferência jeans, como faz a atriz americana Sienna Miller, que usa a sua até para ir ao supermercado. A cantora Lily Allen, com uma coleção de todas as cores, também confere modernidade ao modelo. Victoria Beckham de vez em quando trai a Hermès, grife das suas queridas e caríssimas bolsas Birkin, e sai de correntinha na mão. Outra seguidora da Hermès, Carla Bruni, primeira-dama da França, apareceu em companhia de Michelle Obama com uma Chanel lilás, dotada de providencial protetor de ombros.

Se a imitação é o maior elogio que se pode fazer, a bolsa de correntinha ganha todas: é difícil entrar numa loja brasileira hoje sem encontrar alguma variação do modelo, desde uma marca de topo como a Lenny e Cia (1 690 reais) até a popular C&A (de couro sintético, feita na China, por 79,90 reais). "Não quis mudar nada, para não descaracterizar. E é das bolsas que mais vendem. Neste inverno, todo mundo vai ter a sua Chanel", diz Arnaldo Silva, consultor de estilo da rede ShoeStock. Reeditar, reler e homenagear são os outros nomes do jogo. "A Chanel é um clássico, um excelente investimento. Fizemos uma releitura, que reflete a nossa cara", diz a carioca Constança Basto, que criou a bolsa de cetim colorido para a ala jovem (160 reais) e em versão mais tradicional (648 reais).

A fabricação da bolsa original, com pelica finíssima costurada em matelassê, forro num tom de vinho amarronzado, fecho de metal simples (os C cruzados do lado de fora vieram mais tarde, na era dos logos berrantes) e corrente entrelaçada com uma tira de couro, tem 180 etapas, nas quais trabalham 340 pessoas, a maioria delas há décadas na linha de produção da Chanel. Não adianta querer saber como se produz o efeito acolchoado – uma simples espuma nas cópias, um segredo de estado na Chanel. "E a forma como viramos a bolsa pelo avesso para fazer a costura também é segredo", informa Bruno Trippe, diretor de produção. "Naturalmente, o forro tem de ser perfeito – mademoiselle Chanel exigia que o interior da bolsa fosse tão bonito quanto o exterior." Quer uma? Na Chanel de São Paulo, o modelo pequeno bate quase nos 8 000 reais. O grande, com um zíper extra, 10.000 reais. "A cada três meses faço novos pedidos, com quinze a vinte unidades de cada tamanho. Antes de entregar já tenho gente na fila", diz Cicila Street Barros, diretora da Chanel no Brasil.

Danny Martindale/Wire Image/Getty Images, Macfariane/Robinson/Splash News e Eric Gaillard/Reuters

SOPRO DE JUVENTUDE
O desfile das famosas: a cantora Lily Allen vai de vermelho; Sienna Miller, de preto; e Carla Bruni, de lilás, com protetor

Fonte: Veja


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